Com_traste

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sábado, 30 de janeiro de 2010

Queijo fresco...


Tinha a faca e o queijo na mão
Mas apetecia-lhe bolo de “nos” com passas
Não matou a fome
Já tentara três vezes cortando os pulsos à dita
Mas a desdita acabava sempre por não sangrar
E sem sangue não se fazem cabidelas
Colocou então no cabide o único casaco da pele que possuía
Deixando dentro do umbigo as migalhas
Nu deitou-se no chão gélido
Faca numa mão
Queijo na outra
Queria tanto ter a vontade…que adormeceu pensando nela
Ao acordar, mesmo se a vontade viesse, seria tarde
O queijo matara a forma ao roedor faminto
Vagabundo dos buracos escuros e podres
Que mesmo sem faca não morre de vontade dela
Só lhe restaria a faca
E dois pulsos
Mas…mesmo já tarde a vontade viera
Sem nada que colocar na outra mão
Guardou a vontade no umbigo…
Esqueceu-se até que existiam bolos de “nos” com passas
E ficou à espera
Quem sabe um dia não voltará o queijo?

Resta saber...
Quanto tempo de vida terá uma faca
e por quanto tempo se pode guardar uma vontade

1 comentário:

  1. Há coisas de "nos" que sem passas des-laçam :)

    Uma vez deslaçado para quê a faca?
    Vai de colher...
    O que for havendo para colher.
    (O povo diz que o que se colhe só depende de uma coisa: se-mente)
    :):):)

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