Com_traste

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quinta-feira, 7 de outubro de 2010

MEDO DO ESCURO


Acordou ainda sem ser dia
E a falta de luz encandeava-lhe a visão
Como aparição, ali à sua frente
Um vulto
Sorria
Ironicamente mostrava aquele sorriso da felicidade dos outros
Em gozo arrogante, espelhava no rosto orgásmicas feições
Olhou o relógio, ainda nem duas horas dormira
Bebeu a água do copo que colocava habitualmente junto à cama
Como ritual molhava os lábios febris durante os sonhos
Esfregou os olhos e quando os voltou a abrir estava novamente só
Tentou adormecer de novo
Mas novamente ouviu as horas nocturnas passarem como marcha fúnebre
Uma a uma sem badaladas anunciado o tempo novo
Apenas sabia ser outra hora pela quantidade de água que exista no copo cada vez que bebia
Recusava-se a abrir os olhos
Não suportaria novamente ver aquele rosto de gozo
Sem saber se adormeceu entretanto
Quando bebeu a ultima hora da noite
Levantou-se com a luz a entrar por entre as frestas da janela de madeira
Ao olhar o espelho sorria
Com aquele sorriso da felicidade dos outros estampando no rosto..
Encheu novamente o copo com água
Deitou-se
E contou uma a uma as gotas de um novo dia de sonhos
E sem medo enfrentou todos os vultos diurnos

http://www.youtube.com/watch?v=sqK7Ys155j4

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