Com_traste

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terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Calem-se


Calem-se!
Eu desisto de me tentar convencer que as coisas são outras coisas
Que a existência de palavras são algo mais que isso
Sentem-se no momento…e dizem-se
Desisto de lhe querer dar vida depois de ditas
Ploff…parece que as estou a ouvir…
São como o álcool do vinho que me atordoa
E eu tonta …deixo-me ir atrás delas
A cabeça é algo que meu corpo não possui
Vejo-me do outro lado a sorrir à bailarina desnuda que teima em rodopiar
E depois torna-se eco
O pensamento repete sistematicamente as palavras que já não soam
Decapitação deveria ser a pena da morte que nos espera
Porque só matar as palavras nos silêncios, não basta
Se alguma vez as ousamos dizer, é como se lhes déssemos a eternidade
E condenássemos à morte lenta o receptor
De uma vez por todas desisto das palavras criminosas
Não apelo mais à humanidade dos que as podem salvar do seu destino
Que se danem!
Matem-se!
Morram todas as palavras perigosas
Que me fazem ficar louca por engano
E depois disto peço um copo
Do vinho que me torna menos pura
E podem gritar o que quiserem
Já nada poderei escutar que sinta
E antes que seja decapitada
Tapo o poço para que o eco não me minta.

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