Com_traste

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sábado, 5 de fevereiro de 2011

Crónicas Marcianas


O frio ardia já na brasa dos corpos
E pouco a pouco derretera-se os tempo gélido da distância
Ofegavam as bocas entre palavras loucas
Os dedos exercitavam os movimentos já antes estudados em solitário
No momento exacto em que a concordância dos corpos decidiu
Um grito invade o silencio do quarto
Parecia o estalar da terra ou a erupção de um vulcão
O som igualara o implodir de um aranha céus
Depois um silêncio sepulcral …
E a estação mudou à pressa
Lá fora as arvores davam frutos
Os pássaros atordoados, chilreavam meio perdidos
Em voos sem norte procurando o ninho que ainda não fizeram
Do rios vinham os sons das águas em cascata
E desnudavam-se os corpos pelas ruas
Um observador atento
De caneta sempre em punho
Escrevia notas a uma velocidade estonteante
Com receio de, caso se demorasse mais um pouco, ter que alterar a data novamente
Na rádio ouvia-se músicas antigas
E as noticias eram dadas sem grande novidade
A hora tinha mudado sozinha
As pessoas acertavam os relógios e receavam ter dado ao patrão a justa causa
Alguém sentado na mesa do café da esquina olhava perplexo
Sentia-se confuso mas resolvera pedir uma água bem gelada enquanto retirava as luvas
Os governantes receavam uma revolução
E estudavam a hipótese de pedir ajuda externa
Os que sempre foram crentes em Deus
Falavam agora de naves extraterrestres
E escondiam as criancinhas com medo de raptos
O fenómeno repetira-se ao longo do dia e da noite
E durante a madrugada
Depois de um som estranho
Que alguns confundiram com uivos
Um carro parte com as luzes de nevoeiro ligadas
Em velocidade proibida em auto-estrada
Suou um fechar de porta
E quando amanheceu
Nevava, e ninguém ousou falar do dia anterior
Só um jornal noticiou os factos
Mas não se sabe ao certo quando tal aconteceu
Tendo o jornalista sido acusado de manipular a informação
E quando julgado confessou a culpa
Saindo depois em liberdade…Condicional
Consta que passou a escrever romances de amor…que lhe causaram loucura crónica
Causa da sua morte solitária
Doença que até hoje não tem cura

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