Com_traste

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quarta-feira, 6 de julho de 2011

Nadas


Guardo-me como se guardam os segredos
Entre pensamentos dispersos, confusos
Encontro-me por numa tarde de domingo cinzenta
Entre aquela chuva que finge ser molhada
Entre as ruas onde se passeiam cães vagabundos
...Na ausência de pessoas com destino
Contentores cheios de restos aguardam a madrugada
Um velho saiu à rua ousando ainda viver
Olhamo-nos
Parecemos iguais naquela hora da tarde
O carro circula pela via quase deserta
Em andamento automático
Vira nas curvas instintivamente
E eu sigo-o
No cruzamento, olhamos todas as hipóteses de escolha
Houvesse um raio de sol e teria ido para a direita, rumo ao desconhecido
Virámos à esquerda, chovia um ping ping molengão que chamava para dentro
Não conseguia comprar os cigarros, aparentemente todos os locais de venda dormiam
Cruzei-me com alguns rostos apáticos
Sorri, também eles apenas saíram para comprar cigarros
Passa-me pela cabeça a quantidades de coisas que me aguardavam para que as fizesse
E como menina desobediente deixei para amanhã…deixo sempre muita coisa para amanhã!
Mas os domingos, para quem não tem fé, são sempre assim…
Um dia que estende em nós com preguiça
E uma cidade que parou para descansar
Esquecendo-se dos que não têm fé, impõe-se o dia santo
Evito as palavras de ocasião, não me apetece verbalizar nada
Sou um segredo que vagueia …e guardo-me.
Fumo o ultimo cigarro dentro do carro ao som de uma voz doce que dizia..
“o impossível somos nós”
Apetece-me ir em contramão mas segui apenas no sentido do contra…
Daqui a pouco será segunda feira e quase todos os locais venderão cigarros…

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