Com_traste

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quarta-feira, 6 de julho de 2011

"No paso nada"



Antes, quando o dias eram longos e nos deitávamos na tardes calmas
Era possível o impossível do sonho dos homens
E assim se criavam os sorrisos nos pensamentos
E o dia de amanhã era sempre esperança
Antes
Antes a ternura dizia-se nos gestos simples
E as pessoas sabiam-se amadas sem mais…
Mas antes não dura sempre
E o agora, que fora esperança do antes
É unicamente o silencio do nada
Que se cala, como se fosse obrigado nada sentir em palavras ou gestos
Agora adivinha-se a ternura que não se faz ou diz
Fazendo girar os dias numa roda dentada
Enferrujada
Rangendo
Encaixando ao acaso uns dias nos outros
Entre ruídos mecânicos fabricando a ilusão do antes
Empacotado depois a esperança, em embalagens com validade limitada
E quando chegam os dias longos
Ninguém se deita nas tardes a fazer os sonhos possíveis
Porque o impossível aconteceu
E deixámos de sonhar

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