Com_traste

Com_traste

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Notas soltas




Dedilhando a guitarra
Calavas a voz nos sons que produzias
Mentindo nas notas agudas
Sabendo-te grave
E a melodia surgia evaporando-se como orvalho
Das nossas madrugadas sonhadas
Em cada pausa angustiante
Apressavam-se os dedos a fazer vibrar as cordas
Como se apertasses a garganta em cada palavra
E sufocavas-te
Na inconsciência do gesto
O rosto sem expressão pedia socorro
Entre a duvida e a falta de senso
Resistias-te
Provocando os aplausos dos surdos
Alimentando-te a barriga
Que inchava doentiamente a olhos vistos
E como cegos tacteavam-te a alma
Ao mesmo tempo que provocavas arrepios
Na guitarra
Cada vez que a tua mão descansava nas suas curvas
No silencio da sala
Desce o pano
E tu deixas sair a ultima nota
Em simultâneo alguém pede bis
Não sabendo da impossibilidade de se repetirem improvisos

Sem comentários:

Enviar um comentário