Com_traste

Com_traste

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Pensamento



Mata a raiva com as pontas dos dedos
E sorri sadicamente em cada click
Abre caminhos por entre cactos
Catando os dias como quem cata piolhos
Escorrendo sangue
Como que anestesiado
Segue indiferente à dor
Faz campa rasa e escura
Sem pedras
Sem lágrimas
Epitáfios
Ou flores
Espalha o sangue pelo corpo
Dando à pele a cor da vida
Em laivos de morte
Em carne apodrecida
E nas veias, correm bichos rastejantes
Que fazem da planície do ventre, montes
E que roem as raízes do ser em decomposição
E a palidez do rosto
Confunde-se com a luz do dia
Claridade obscura
Que ofusca a vista
Sombreada de ilusão
Olhar vazio, através de lentes de aumentar
Vendo ao longe, o que perto não pode encontrar
E soluça
Este bicho desumano
Sem ter lágrimas em que se possa afogar
Transforma o choro em riso de hiena
Morre de pena
Vive a voar
Foge da lógica da cadeia alimentar
Mata a fome apenas ao respirar
Talvez seja um engano
Uma aberração
E longe da visão…ninguém poderá chocar
Mas existe porque se pensa
Existe porque se sente
Seja bicho ou gente
Mais valia não viver para contar
Inoportuna a vida, que súbita, tira a paz da nossa morte
Até que Deus queira
Ou que o próprio crente se mate
Bicho rasteiro…cria asas sem hibernar
Homem sem caverna
Gente sem gente
Bicho
Loucura
Alucinação
Ou qualquer coisa por inventar

Sem comentários:

Enviar um comentário