Com_traste

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quarta-feira, 6 de julho de 2011

sina(is)


Dizer-te ao mundo inteiro
Em mais que palavras em segredo
Passear-te orgulhosamente pela mão
Brincar com os teus dedos na meio da multidão
E deixar que as nossas sombras na calçada se beijassem
E todos os outros corassem
E saber-te inteiro em cada parte
Sentir-te homem livre aventureiro
Andarmos nus na madrugada
Não dormir sem ser no chão depois da luta
E sem deixar que o tempo nos prendesse
Acordar na pressa novamente
Apenas para nos voltarmos a deitar nas longas horas
Enrolados
Enfeitiçados
Enlouquecidos
Perdidos
Marginais por opção
E descobrir depois de tarde
Que os sorrisos somos nós
O dia, a luz e a primavera foram nossa invenção
Que juntos fazemos o eclipse
E é no silencio que tudo se conta à lua
E a terra que se diz redonda
Girar apenas por nos tocarmos
E nos beijos fazer ondular o mar
E naquela hora, em que o chão treme enciumado
É por nos termos quedado exaustos
Depois de nos darmos inteiros, sem amarras dentro da nossa prisão
E o sol desperta com as nossas gargalhadas
Fazendo o dia acontecer lá fora
E o mundo existe apenas porque o pensamos
E nos olhos um do outro
Descobrimos o paraíso de um Deus insano
Sem nome
Sem lugar
Sem tempo
É na cumplicidade das palavras que não dizemos que existimos
E quando menos esperamos
Damos por nós no meio do amor e sorrimos
Sabendo-nos nada mais que humanos
Com todas as formas de vida por descobrir num momento em que nos damos
Sem amanhã para que se possa comprovar a nossa teoria
Mas com todas as provas da nossa existência
Na minha e na tua pele
Na mão que demos a ler a uma cigana

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