Com_traste

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terça-feira, 30 de agosto de 2011

E Voo Lução



Levitava agora
Depois daquela hora em que morria nos seus braços
Era sempre assim…
O chão fugia à pressa, parecendo não aguentar tanta leveza
E ela apanhava a primeira nuvem
Que passava sempre a hora incerta, mas sempre a tempo de a levar
Com aquela cara de quem acredita em fadas e duendes
E sorrindo com aquele sorriso dos Deuses
Ficava assim a ser livre no ser
Sem nada que a segurasse à terra
Nem sempre podia voar nas nuvens
Nas patas da águias
Ou nos bicos das cegonhas
E essa impossibilidade, aliada ao facto de existir enquanto gente
Fizera dela tantas vezes a marginal
Por vezes a fuga eram os sonhos
Outras, o olhar perdido e vago no tempo, pela janela e no horizonte
Tantas vezes fora repreendida que desistira de se fazer entender
Fazia-se concha
Casulo
Chegava a sentir-se do tamanho das formigas
Mas encontravam-na sempre, fosse como fosse
Migalhinha…
Agora encontrara aquele lugar
Aquele onde voa sempre que queira
Onde se morre e ressuscita na mesma hora
O lugar onde se ergue aos céus e se sente como um anjo
Depois do voo em pique
Quando com ele se deita e se dá inteira
E ninguém a consegue fazer voltar à terra naquela hora
Nem as mais velhas tradições
Dos tempos em que os repteis se ergueram
Nem as santas virtudes das senhoras das procissões
Com o pecado afogado no peito
Nem as leis da física
Que fazem cair as maçãs das arvores
Ou a gravidade
Seja de facto ou fato
Dependendo da ocasião
Ela agora dominava a razão
E se decidia voar
Voava
E ninguém mais poderia negar os sexo dos anjos
Ou chamar-lhe tola
Ser livre é ser-se dona das suas asas
E só pousar quando o coração lhe pedir para adormecer um pouco
Ou ela precisar de descansar da solidão…

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