Com_traste

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quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Matrioshka


Eu sou um todo de partes que desconheço
Encaixo-me em mim como se me pertencesse
Ajeitando-me às formas que me formam
Faço-me uma, irreal
Outras, uma outra imaginária
Ainda por vezes a invisível
E tantas, tantas outras, a porca de pérolas ao peito
A cabra
A raiva
O sal
Se trinco a língua, mordo todas as palavras do momento
Serei a cobra e o veneno
Dos factos
Do parto
O sangue verdadeiro
E não me obriguem a morder o ar
Prefiro antes ser cega, surda e muda
Que trincar apenas o nada que acontece
Morder a consciência com asas
Lamber o mel dos vossos sorrisos
Quando me ferem de morte
Enraivecida
Mas não minto
Terei sempre a certeza que nem todos os erros são meus
E na cova que me deitam
Guardarei todas as outras
Cá dentro
E sei que quem as conhece
Sabe o jeito de as manter vivas
Na única delas que me forma
Multiplicando-me na divisão
Unindo-me na separação
E se ficar oca…sinto!

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