Com_traste

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terça-feira, 13 de setembro de 2011

Tédio


Olhar mais longe projectando na visão algo mais que a vista
E o horizonte poderia ser muito mais do que vejo
Sendo sempre infinita a possibilidade das coisas
Nem sempre me revejo ali ao longe…infinda
Projecto-me
Pela íris colorida
E o branco de fundo apenas é violado pelo ponto negro
É da lonjura…dizem
Mas eu nego, por me saber pequena, seja qual for a distância em que me olho
Não me choro, não!
Não me agrada o facto de poder encher o fundo branco de negro total e absoluto
E ficar-me apenas por um ponto
Redondinho
Perfeito
Ponto final, no meio de nada ou da ausência
Poderia ser imortal que não me faria diferença alguma
Apenas se multiplicariam os quadros
Infinitamente iguais
Ao longe cada vez mais pequenos
Mas igualmente pouco…
Igualmente monótono
Chato
Repetitivo
Concluo portanto que a eternidade me aborreceria de morte
Mas apenas por viver nesta certeza da visão limitada de mim… ao longe
Caso conseguisse encher-me
Ficar grande
Enorme
Um monstruoso ponto negro
Tão monstruoso que tapasse completamente o fundo branco
Talvez ai me fizesse sentido o olhar na distância
E os meus olhos tivessem Íris tão negras como o fundo do cenário onde me posso projectar
Em contraste com todos os filmes que dependem da imaginação do Homem

1 comentário:

  1. Ponto final, no meio de nada ou da ausência...
    ...Concluo portanto que a eternidade me aborreceria de morte...

    E se na eternidade, não se fizer eternamente o mesmo?...
    Gostei...;O)

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