Com_traste

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terça-feira, 22 de novembro de 2011

EscritaRia




O tempo fizera dela aquela espera
Como sala
Onde se entra e se fica
Pensando na desdita ou folheando um qualquer pasquim
E era assim o seu peito
Não se lembra desde quando
Nem como foi
Mas agora
Seja a que hora
Ou em que lugar
Ela aguarda calma e tranquilamente o tempo
Que passa folha a folha
Página a página
Levando todo o tempo que levam as histórias a se contar
O tempo de uma letra pode ser longo
Se a tornearmos com a ponta dos dedos ou da língua
Parando nas curvas
Escorregando nas linhas inclinadas
Salivando para que húmidas deslizem
Quando sós
Junta-se uma outra em aconchego
Ladeando a ausência
O vazio
A espera
E na junção
O tempo faz-se um outro tempo
Soletrado cuidadosamente
Como mel a cair na boca
Doce
Denso
Por vezes prendem-se na garganta
Ásperas
Dolorosas
Ficando cativas de um trago
Outras há que se descolam da pele
Escamando como peixes
Em paginas e paginas salinas
Pelo suor ou pelas lágrimas
E nessa hora
Nesse tempo
A espera desespera
Fechando-se o espaço em que nos demos a ler
Guardando para depois…
A hora em que consigamos juntar de novo
Letras inteiras felizes
Capazes de nos encherem o peito de gargalhadas sibilantes

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