Com_traste

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sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Não imPorta


Como se estivesse emperrada a vontade
Nas dobradiças, o tempo que se acotovela entre passado e futuro
Sem presente liquido que a faça dobrar sem dor
E range como se num cerrar de dentes
Uivasse a força interior
Do animal que a forma ser vivo
Nunca antes uma porta se encheu tanto de vida
Nem mesmo nas traseiras de um qualquer quintal com buganvílias
Com baloiços de embalar as tardes
Ou com bancos de eternas esperas
As portas foram sempre criaturas mortas
Ligando divisões de espaços úteis e inúteis
Abrindo para saídas eufóricas
Fechando para entradas indesejadas
De par em par
Quando abandonadas à sua sorte
Mas agora
A própria fechadura
Povoada de teias de aranha
Adapta o vazio ao contorno da chave mestra
Para iludir o roubo
E dar-se a volta ao objectivo
Sem necessidade de aviso de ocupado
Deixando o ser inanimado
Bater sem que haja vento
Nem bêbado enganado
E pela fresta inferior
Que lhe tira o pé
Entram as cartas de amor
Que lê e relê
Deitando-se no hall de entrada
Sobre o tapete adormecido
Que diz sempre
Bem vindo!

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