Com_traste

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quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

ReviraVoltas


De que lado fica a frente de nós
Quando conseguimos rodar em voltas completas
Sobre nós mesmos?
Encarar de frente a vida
Num mundo que gira sem darmos permissão
Confunde as faces da moeda que deitamos ao ar
Ao mesmo tempo que troca o céu pelo chão
Invertemos o quadro
E o surreal do abstracto só muda a posição das coisas
O sorriso da Mona Lisa não deixaria de ser daquela cor
E o preço a pagar custaria igualmente os olhos da cara
Caso não os tivéssemos muitas vezes na nuca
As repetições são exaustivas
E optamos muitas vezes por cantarolar apenas a musica dos mesmos poemas de amor
A sombra não deixa de ser um reflexo
E de noite precisamos de luz para que não nos temam
Vultos ao virar da esquina
Que afinal podem ser apenas a nossa sombra
Rodopiamos na mão cantarolando infantilidades
Para parar o crescimento obrigatório
Dolorosas dilatações de corpo e alma
O nexo que não faz sentido algum
E tu que nunca és quem queria
E eu que não me consigo encontrar de olhos nos olhos comigo
Para!
E no grito de ordem desobedecemos ao comando
Continuando numa roda viva
Como se fosse peça dentada
Sem conseguir morder
Mas que na corrente faz girar a máquina
Sendo muitas vezes sanguínea a substância doada
No corte da carne que se pesa na balança
Para picar depois
Devagar
Sadicamente
Até que alguém nos consiga ver de frente
E sorrindo diga:
Mais uma volta de carrossel ?
E seguimos escolhendo o cavalo alado
Para na junção dos bichos nos voltarmos a confundir
E perder a noção da posição dos corpos
Esperando que ao acordar
Sejamos um nó(s) cego
Até que se consiga desatar …e ver.



Imagem :Georgy Kurasov







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