Com_traste

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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

deSINTOnia


O vazio que a tua ausência enche
As palavras que partilhamos são antónimos de sentimentos
A tua imagem é a óptica iludida nos olhos
Eu penso-me a outra
Tu não és ele
Crescem ervas daninhas no pé da arvore dos sonhos
E a cama é feita com lençóis usados
Manchas que não causei
O fio que penduro já não nos enforca juntos
E o lugar do morto é o banco de trás
Onde se fazia amor
O som que em memoria me assalta
É crime sem álibi
Quando me perco em devaneios na ponta dos meus dedos
A mesma pele que antes arrepiava
É agora de animal ferido
Com sangue em jorros sem ser fêmea
E já não procria
O tempo que controlo andando de marcha atrás
Cai em queda livre numa ampulheta
Com que brinco nas mãos ressequidas
Sem ser jogo
Perco na hora em que me deixo ficar na casa do condenado
Lanço dados
E a gloria não é a minha condição
Desististe de ser tu
Ou eu me esqueci que já não posso voltar atrás
Sento-me
Na margem do pensamento que se fixa em outdoor
Para que publicite o acontecimento
Dos contrários em sintonia
Na coisa ausente
Presente em nós
Como pássaro negro poisado em espera da hora em que nos devore
Antes que a luz se apague com um sopro
E o vinho
O vinho já não sabe aos nossos beijos
Porque nem nas folhas das vinhas há memoria
Do tempo antigo
Que dá valor ao liquido que choramos agora

1 comentário:

  1. hum... hum... hum...
    a historia que se conhece, sem moral no final.

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