Com_traste

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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Transparências


Ela andava sempre vestida de si
Quer no traje domingueiro
Quer nas vestes diárias
E era linda
Airosa
Esvoaçava ao vento os tules
As sedas
O cetim
As rendas
A cor, era dos olhos de quem a possuía
Ou de quem a vestia
Na intimidade de um olhar
Nunca se contradizia
Era pura

Verdade
Sentia-se nas palavras e nos actos
Tão ela
Tão própria
Tão única
Falava na voz dos que nada possuíam
E trocava sílabas por pão
Cantava fados vadios
Como se fosse oração
Perdia-se na palma da mão
E alucinava em cada beijo
Chamavam-lhe passageira
Mas ela
Queiram vocês ou não
É louca paixão
E amante do desejo
Translúcida certeza
Quando alguém a possui

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