Com_traste

Com_traste

segunda-feira, 12 de março de 2012

Pombos Correio


Havia no meio do nada, duas árvores
Separadas por cidades fantasma
Sombras
Vazios de gente
A árvore, de folha caduca
Vivia no lado de lá
Passava a vida a ser primavera e outono
Num desfolhar de desejos
Esticava o ramos como veias até às nuvens
E alimentava-se dos sonhos
A árvore, do lado de cá
Era de folha perene
Reciclando há muito o papel de que era feita
Carregava livros e livros nos seus ramos
Dando frutos
Como castanhas em ouriços
Alimentando o desejo do imaginário dos outros
Nessas árvores, os pombos aninhavam-se todo o ano
E davam asas às palavras dos loucos
Conta quem viu
Que os pombos trocavam de árvore duas vezes no ano
Levando do lado de cá para o lado de lá
Segredos
E do lado de lá para o lado de cá
Cartas de amor
Os loucos que viviam nas árvores sorriam
Por se saberem cúmplices da fantasia
Em todos os Loucos há uma árvore
Com pombos correio

Sem comentários:

Enviar um comentário