Com_traste

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quarta-feira, 14 de março de 2012

Sem-ti-mento


Corpos mudos no cru do olhar
Garrafas vazias no fundo da alma
Agora ela ria
Sorria sem jeito
Na noite mais fria
Na tarde mais calma
Corria em vão
Seu pensamento
Perdia-se sempre
No suspiro poluído
Um cigarro amigo
Um beijo ausente
Fosse frio ou quente
Que lhe tocasse a carne
O peito
O ventre
Que viesse agora
Dançaria nua
Na mesa do canto
Ou no meio da rua
Sentia-se amada
Mesmo por momentos
A sombra olhada
Matava tormentos
Sabia de cor aquelas andanças
Arisca sorria
Alongava a espera
E na hora certa
Engolia em seco
Rendia-se à morte
Do prazer do leito
Depois outro dia
Juraria sóbria
Não voltar a amar
De noite
A sombra

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