Com_traste

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sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Cântico Negro

Canto-vos
O desencanto
A agonia
A magoa
A dor
Do amor e desamor
De quem quer tanto
E crê
Na existência una
Que possui a capacidade de gerar um ser
Um mundo
Mas que em agonia
Vem ao cimo do nível
Pedindo mais ar
Mais vontade
Mais luta
Mais capacidade e consciência
Mais gente em forma de multidão
Menos umbigo
Menos beija mão
Menos resignação
Menos paciência
Eu que me desconheço
Não quero morrer em vão
Mas hoje
Ou ontem
Já nem sei
Tomei na minha mão
Esta vontade
Este dom
Esta determinação
De ousar não temer a dor
Não temer a contradição
Da classe
Que fiz ainda inconsciente
Mas que mesmo sem ela saberia existir em mim
Esta vontade
De gritar em alta voz
NÂO
E dizer basta
Mais uma vez não nos erguemos
Enquanto seres
E se deixarmos que outros nos subjuguem
Nos menosprezem
Nos tirem a voz
A vontade e o pão
Então
Nada mais resta
E nós
Ou morremos à fome pedido migalhas
Ou nos fazemos maiores
Pela indignação
E nada de dizer em voz baixinha
Que me dói a alma
Que sofro
E não consigo mais
BASTA
Basta de ladainhas
E agora
Se alguém chorar
Se alguém gritar
Se alguém perder
Que não sejamos mais nós
E em choros erguemos a espada
Da ultima e derradeira opção
Que em cada homem
Depois do nada
Como por milagre surge na mão
A espada
Que dilacera
Que magoa
Que fere
Mas que o faz com razão
Há limites
Há limites para a nossa humilhação
E façamos dos cravos a cor rubra
Da razão
Mudemos a cor dos olhos
E deixemos o sangue sair das veias
Não
Não e Não
Já tenho mais nada a perder
Depois de me levarem a alma











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