Com_traste

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segunda-feira, 19 de novembro de 2012

DE(u)S HUMANO




Ele
Era um homem de vícios
Animal amestrado à força
Humanamente criado à própria imagem
Desenhou o pensamento fértil
Numa prostituta
Que usou pagando em maçãs com bicho
Do bicho
Fez de conta
E inventou a cobra
Era esbelto e sedutor
Fez morrer mulheres de amor
E homens que duvidaram do seu ser
E em orgias
Pintava alegorias em pedras
E destas fez a roda dentada
Depois da primeira tentação
Acusou o infiel
Sendo ele o amante da mulher
Violou as regras sangrentas
Matou irmãos herdando tudo
E subiu aos céus
levando cruz como bandeira
Aterrou na lua
De lá viu mares e navegou
Viu caminhos e andou
Viu homens
Amou
Matou
Viu ainda um mundo
E criou fronteiras
Ao descer das nuvens
Contou histórias
Alimentou a fome dos meninos
Com natais
Sonhos
Coisas irreais
E adoçou bocas garganeiras
Do mel fez a abelha com ferrão
E das flores o néctar de outros deuses
Brincou ao policia e inventou o ladrão
Olhou os homens e cansou-se da própria criação
Então, criou o lobo para comer o pastor
E das ovelhas fez o sacrifício da dor
Viu tudo ao longe
Como menino com birra
Chorou mais por sono do que por tristeza
E querendo adormecer
criou o fim do mundo
Numa escritura
E ao longe
Todos os homens de boa vontade
Deixaram-se morrer
Apenas para provarem que Deus existe

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