Com_traste

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quinta-feira, 17 de setembro de 2015

The Happy end

Nada é mais triste que o desencanto
A verdade não era afinal a existência do pássaro verde nos teus olhos
Não existem anjos
Nem fadas
Nem terras do nunca
Deveria ser decretado luto nacional cada vez que morre um pássaro verde nos olhos de alguém
Cada vez que abrem covas para enterrar fadas e duendes
Cada vez que matam qualquer coisa que voa no peito de alguém
Cada vez que não cantam cotovias
Nem há ninhos em todos os beirais
Deveriam tornar obrigatório o choro, cada vez que partem andorinhas
Deveriam mandar prender as lágrimas das pedras da calçada
E com elas encher todas as catacumbas da consciência
Fazer leis que obrigassem os bichos racionais a sê-lo
E inventar rios de peixes voadores
Barragens para mares mortos
Tomar a palavra como hóstia
E ai de quem pecasse, ao negar a crença nas varinhas mágicas e no seu condão!
Cada vez que nascesse um nenúfar, haveria um feriado!
Seria obrigatório comer romãs, bago a bago, em cada novo dia
O tempo será acusado de todas as infracções cometidas
Haverá um único juiz na selva, e este será tão, mas tão capaz, que mandará matar o verdadeiro culpado de tudo
Depois da morte do juiz, ninguém chorará
Foi decretada a ausência de memória!
E a terra girará apenas para embalar o sono
Em cada sonho haverá um tiro da sorte, certeiro!
O algodão doce nascerá nos pés das árvores
Estas nunca morrerão
As corujas ensinarão a ler as estrelas
E as ciganas...irão ler em todas as mãos, o verbo num tempo mais que perfeito
Depois...depois não haverá mais a tristeza do desencanto.

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